Por assessoria
A Arena Literária ficou lotada na noite de sexta-feira (11). Mais de 400 pessoas assistiram às palestras com os escritores Reinaldo Figueiredo e Paulo Henrique Amorim – que se iniciaram às 19h30 e terminaram perto das 22 horas.
O primeiro a subir ao palco principal da 11ª Feira Internacional do Livro de Foz do Iguaçu foi Reinaldo, escritor e humorista, integrante do extinto programa Casseta & Planeta. “Legal participar da feira no ano em que ela homenageia Mario Quintana, o meu autor favorito. Muito bacana essa coincidência.”
Apesar de ter vindo para lançar A arte de zoar, o cartum no Brasil, Reinaldo conduziu um papo bastante informal, no qual usou um telão para mostrar personagens que interpretou na televisão e alguns dos trabalhos anteriores nos jornais O Pasquim e O Planeta Diário. Suas histórias divertiram a plateia, que também pôde conhecer alguns dos cartuns publicados nos livros anteriores do autor.
“Hoje em dia é raro ter livros de desenho de humor. Esse é meu lado underground, minha identidade secreta”, brincou. O escritor contou como surgiu seu interesse pelos cartuns, ainda na infância. “Desde criança fui fã do Millôr Fernandes, que tinha duas páginas na revista O Cruzeiro, nas quais publicava desenhos, fábulas, quadrinhos, enfim, não tinha regra, podia ser tudo. Isso me deixava maravilhado”, revelou.
Mas em meio ao clima descontraído, ele também falou sério. Sobre se haveria limites para fazer humor, disse que não, pois controlar seria uma forma de censura, de tolher a liberdade de expressão. Entretanto, reconheceu existir maus humoristas, os quais confundem ofensas com piadas. A respeito da nova geração, afirmou haver bons profissionais, muitos dos quais teriam se inspirado no Casseta & Planeta, que ficou no ar durante 20 anos na televisão.
Outra “identidade secreta” de Reinaldo seria seu lado músico. Ele é contrabaixista da Companhia Estadual do Jazz, do Rio de Janeiro, com a qual faz apresentações no estado fluminense, mas que já se apresentou até em Montreal, no Canadá.
Sobre a Arte de zoar, é um compilado de seus melhores cartuns publicados na revista Piauí, no jornal O Globo, na Playboy e também na Revista de Jornalismo ESPM e Jazz+.
Imprensa Golpista
O jornalista Paulo Henrique Amorim falou sobre seu novo livro, O quarto poder – Uma outra história, que aborda o desenvolvimento da televisão brasileira. Imponente, o escritor comentou sobre o papel da mídia nos tempos atuais e teceu duras críticas aos principais veículos de comunicação do país.
“Este é um trabalho que durou aproximadamente quatro anos. Ele é um primeiro livro que foi resultado de um curso sobre a evolução da indústria da televisão no Brasil, como ela se formou e se desenvolveu”, explicou.
Na obra, Amorim traz impressões dessa história da qual ele mesmo fez parte, seja atuando na TV Globo, na revista Vejaou em outros meios de comunicação. “Fui testemunha de vários episódios desta história, já que fui repórter de televisão. Eu consegui reunir e selecionar documentos pessoais e anotações que fiz ao longo da carreira, já que nunca usei gravador, mas bloquinhos.”
“Não é um livro de memórias”, alerta o escritor. É, na verdade, a participação dele no processo de construção da televisão.
Durante a palestra, o jornalista enfatizou que hoje a imprensa não é mais o quarto, mas o primeiro poder – bem como sugere a arte visual da capa do livro.
“A imprensa se transformou de fato no primeiro poder, e eu mostro isso em vários episódios, desde, por exemplo, a primeira vítima da imprensa que é o PIG (Partido da Imprensa Golpista), que é composto da Globo e seus múltiplos braços, da Folha, do Estadão e da Veja”.
Na obra, Amorim cita nomes de políticos vítimas do “PIG”, desde antigos governantes como Getúlio Vargas até o ex-presidente Lula e a atual presidente, Dilma Rousseff. “Getúlio foi deposto pelo PIG. Por uma campanha feroz do jornal O Globo.”
No mês passado, O quarto poder entrou na lista dos mais vendidos no país, segundo o PublishNews, o maior informativo do mercado editorial brasileiro.
Com 50 anos de carreira, Amorim já passou por diversos veículos de comunicação, como o jornal A Noite e as revistasRealidade e Veja. Foi correspondente da TV Globo em Nova Iorque e trabalhou também na TV Bandeirantes e TV Cultura.
Atualmente, escreve para diversos jornais e revistas brasileiras, é apresentador do Domingo Espetacular, da Record, e autor do blog Conversa Fiada.