A utilização de galpões fechados na aquicultura poderá representar um futuro mais rentável para a produção de peixe no Oeste do Paraná e, por consequência, para o restante do Brasil. A metodologia, já usada em países como Chile e Estados Unidos e também em estados com o Rio Grande do Sul com eficiência e sustentabilidade, foi apresentada nesta quarta-feira (26), pelo consultor Sergio Zimmermann, que proferiu a palestra magna do Workshop Aquatecnologia 2015. O evento acontece até sexta-feira (28), no Parque Tecnológico Itaipu, e tem o objetivo de discutir o emprego de ferramentas que possam contribuir para o desenvolvimento sustentável da cadeia aquícola, especialmente na Bacia do Paraná 3 (BP3).
O sistema de galpões fechados é o mesmo utilizado por avicultores em locais de produção de aves. Na aquicultura, no entanto, os peixes não necessitam de antibióticos, nem de energia para aquecimento, tornando o processo mais acessível e com baixo custo. “A aquicultura tem nas mãos possibilidades muito melhores que os avicultores. Acreditamos que essa seja o futuro da tilapicultura no mundo”, disse o consultor.
O cultivo de peixes exóticos em águas públicas é proibido no Rio Grande do Sul, assim como era na Bacia do Paraná 3. Porém através da aquicultura em galpões, as fazendas são licenciadas para cultivar espécies, como a tilápia. “Ela [tilapicultura] não provoca impactos ambientais, e também usa áreas baratas, que na maioria das vezes não são produtivas”.
De acordo com Zimmermann, a aplicação no Oeste do Paraná é viável, com aumento da renda sem prejudicar o meio ambiente. Para ele, a região conta com a infraestrutura necessária para a implantação do sistema. “Falta apenas a consciência para os produtores locais para saber que o investimento inicial é maior mas os retornos são positivos”.
Outro beneficio do método é o baixo uso da mão de obra. Enquanto na aquicultura em águas públicas é preciso de ao menos três pessoas para retirar os peixes dos tanques-rede, o novo sistema necessita apenas de uma pessoa, sem precisar tocar nos peixes.
Reutilização das águas
Nos Estados Unidos, os produtores começaram a utilizar as águas dos tanques em outros processos. Na hidroponia, a água é reutilizada no cultivo de verduras em estufas. Hoje, aquele país é referência mundial na produção de maracujá orgânico, que usa os nutrientes da água e não utiliza produtos químicos nas plantas. Atualmente, o produto é exportado para países como a Turquia e Noruega.
Cultivo de tilápia no Oeste do Paraná
Em abril, o Ministro da Pesca e Aquicultura, Helder Barbalho, anunciou em Itaipu a liberação do cultivo da tilápia em tanques-rede nos braços do reservatório, onde só era permitido cultivar espécies nativas do Rio Paraná. Com a liberação, a expectativa é que até 2020 a produção pesqueira anual chegue a 2 milhões de toneladas. Atualmente, com a produção é de 475 mil toneladas, o Brasil é o 12ª maior produtor do mundo.
A liberação do cultivo da tilápia vai trazer ganhos financeiros maiores. A produção de 60 tanques-rede representa ao pescador uma renda de aproximadamente R$ 1.200 por mês, com o pacu. Com a tilápia, nesse mesmo número de tanques-redes, a renda aumenta para R$ 4 mil a R$ 5 mil de ganhos mensais.
JIE