O Comitê Nacional Impulsor do Movimento #ElesPorElas, formado por 15 empresas, universidades, órgãos públicos e organizações da sociedade civil, foi lançado oficialmente nesta quinta-feira (25), em Foz do Iguaçu, durante a adesão da Itaipu Binacional à campanha HeForShe, em solenidade que reuniu brasileiros e paraguaios no Cineteatro dos Barrageiros, na usina. O movimento (em inglês, #HeForShe), que já conta com um comitê no Paraguai, foi criado pela ONU em setembro do ano passado, para incentivar os homens a apoiarem a equidade de gênero e a defender os direitos da mulher.
A escolha de Itaipu para o lançamento do comitê brasileiro se deve ao pioneirismo da empresa em ações de gênero, já reconhecidas internacionalmente, inclusive pela ONU.
A usina binacional é a primeira empresa pública no Brasil e Paraguai a aderir ao HeForShe. A ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, diz que a intenção do comitê é ampliar o número de adesões de homens à campanha. “Hoje são apenas 10 mil brasileiros, mas queremos que cheguem aos milhões”, afirmou.
A ideia, segundo a ministra, é que esse grupo apoie meninos e homens nas ações de gênero, para que o movimento “chegue ao meio rural, às regiões ribeirinhas”. E completa: “O HeForShe tem que ser no cotidiano de quem carrega lata na cabeça”.
A diretora financeira executiva de Itaipu, Margaret Groff, embaixadora do empoderamento da mulher, explica que, no comitê, a Itaipu “vai contribuir com as experiências de sucesso em prol de uma relação mais equitativa entre homens e mulheres no trabalho”.
Para Margaret, o movimento HeForShe vai impulsionar essas ações. “Com os homens inseridos no movimento pela equidade de gênero, vamos conseguir um mundo diferente. Com a valorização do trabalho da mulher, vamos chegar ao desenvolvimento sustentável tão esperado”.
A adesão de Itaipu ao movimento Eles por Elas foi encabeçado por Margaret Groff e o seu par paraguaio, o diretor financeiro de Itaipu, Miguel Gómez. “O envolvimento do colega paraguaio desde o início foi fundamental para que hoje pudéssemos realizar esse evento na usina”. E complementa: “A ONU nos passou essa missão e a gente abraçou a causa”.
Além da ministra Eleonora, participaram da solenidade a ministra da Mulher do Paraguai, Ana Maria Baiardi;, a diretora regional da ONU Mulheres para América Latina e Caribe, Luiza Carvalho; a representante da ONU Mulheres no Paraguai, Carolina Taborda; a representante da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman; o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, e o diretor-geral paraguaio, James Spalding.
Contribuição
A escolha de Itaipu para o lançamento do comitê brasileiro se deve ao pioneirismo da empresa em ações de gênero, já reconhecidas internacionalmente, inclusive pela ONU. Margaret Groff diz que, no comitê, a empresa “vai contribuir com nossas experiências”, que incluem as ações desenvolvidas pelo comitê de gênero, criado em 2003.
A ministra da Mulher no Paraguai, Ana Maria Baiardi, diz que há urgência em se lutar pela igualdade de gênero e que “o convencimento da desigualdade tem que ser do homem”. A campanha HeForShe, segundo ela, tem esse papel. Para ela, “Itaipu é líder também em empoderamento da mulher e serve de exemplo para outras empresas no Brasil e no Paraguai”.
A diretora regional da ONU Mulheres para a América Latina e Caribe, Luiza Carvalho, afirma que tanto o Brasil quanto o Paraguai estão muito atrasados em relação à equidade de gênero. No Brasil, por exemplo, uma mulher com a mesma qualificação e no mesmo cargo ocupado por um homem, ganha em média 30% menos. Se nada for mudado, alerta, uma pessoa que nasça hoje chegará aos 87 anos de idade sem ter visto de fato ocorrer a igualdade entre os gêneros. A meta mundial da ONU é que a equiparação seja atingida dentro de 15 anos.
Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil, diz que “a capacidade de agregar de Itaipu irá influenciar positivamente o mundo corporativo”, a partir da adesão à campanha e à criação do comitê. Hoje, em todo o mundo, a campanha conta com a adesão de 330 mil homens, o que é considerado um número ainda pequeno, já que são mais de 3 bilhões de pessoas do sexo masculino.
Itaipu
O diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, lembra que o setor elétrico é “machista” e que, no auge das obras da usina, havia cerca de 40 mil operários, todos homens, inclusive em funções de telefonista ou secretariado. Quando assumiu, em 2003, Itaipu teve pela primeira vez uma mulher na diretoria (a hoje senadora Gleisi Hoffmann), que criou o comitê de gênero e abriu espaços para as mulheres em cargos de chefia.
O diretor-geral paraguaio, James Spalding, diz que, desde 2013, a empresa passou a adotar também no Paraguai o sistema de concursos públicos para contratação de empregados, a exemplo do que acontece no lado brasileiro desde 2005. Com isso, além de eliminar o “apadrinhamento”, houve mais oportunidades para o ingresso de mulheres. No primeiro concurso, em 2014, eram 80 vagas, e 30 delas foram preenchidas por mulheres.
O detalhe, conta Spalding, é que entre essas contratadas havia uma grávida, que “teve o filho 40 minutos depois de assinar o contrato com Itaipu e hoje é nossa funcionária”. Outro caso foi o de uma paraguaia que, em casa, ouvia do pai a recomendação para não estudar, porque a função da mulher “é cuidar da casa”. Mesmo assim, incentivada por amigos, ela decidiu fazer o concurso e hoje também é uma das funcionárias do lado paraguaio de Itaipu.
Empregados aderem à causa
Márcio Hanke, motorista da Diretoria Geral de Itaipu, trabalha em uma área em que os homens ainda predominam, mas acredita que ter uma mulher na equipe seria ótimo. “Quando chegar alguma, será bem recebida e tratada com toda a igualdade, direitos e deveres. O que importa não é o gênero, é a capacidade de fazer bem o seu trabalho.”
Ricardo Bianco, da Assessoria de Responsabilidade Social, conta que em sua área a gerente é uma mulher, assim como quase todos os colegas. “É um prazer trabalhar com elas. Antes de trabalhar na Itaipu, nunca tive uma chefe mulher, então, no começo, estranhei. Hoje vejo que a capacidade de liberar e gerenciar não depende do gênero.”
Maurílio Baravelli, da Divisão de Remuneração e Movimentação de RH fala com orgulho da filha, sua maior motivação para participar da campanha. “Ela adora jogar bola e eu faço questão de incentivar. Lá em casa somos todos iguais, e eu ajudo a minha esposa e a minha filha em tudo que posso.”
Solidariedade
A ação internacional, liderada pela ONU Mulheres, tem como objetivo sensibilizar empresas, universidades e governo em prol da igualdade de gênero. E a Itaipu dá o primeiro passo nessa grande mobilização. Ao assinar o documento de compromisso com a campanha, nesta quinta-feira, Itaipu torna-se a primeira empresa pública no Brasil a aderir ao movimento mundial #ElesporElas (www.heforshe.org/pt).
Além de Itaipu, que pertence ao Brasil e ao Paraguai, a campanha da ONU Mulheres no engajamento da população masculina pela igualdade de gênero e pelos direitos da mulher ganhou também o apoio da Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI), da comunidade de Foz do Iguaçu e das cidades vizinhas da região de fronteira.
A programação teve apresentações artísticas da banda londrinense de jazz Cluster Sisters, que inclui mulheres e homens entre os integrantes, e dos roqueiros do conjunto paraguaio Revolber. O jornalista Carlos Gruber e a atriz paraguaia Lali Gonzalez foram os mestres de cerimônia.
Totens e cartazes
Durante o evento, o público masculino pôde aderir ao movimento por meio de totens espalhados pelo Cineteatro. Cartazes da campanha #ElesPorElas foram colocados à disposição para os homens que quisessem compartilhar fotos nas redes sociais.
Corpo funcional
Itaipu tem cerca de 3 mil empregados. A grande maioria são homens, em decorrência da formação da empresa há 41 anos, quando veio para cá um grande número de trabalhadores, especialmente operários. Mas essa realidade está mudando nos últimos anos. A cultura interna da empresa vem se modificando com ações afirmativas e a inclusão cada vez maior de iniciativas pelo respeito à diversidade com benefícios tanto para as mulheres quanto para os homens. Hoje, as mulheres representam 20% do quadro.
Pioneira no setor elétrico na implementação de política de promoção da mulher, a empresa foi reconhecida em todas as quatro edições do Selo Pró-Equidade de Gênero do governo federal, e pela ONU na aplicação dos 7 Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEPs).
O que mudou
Itaipu hoje é exemplo no Brasil e no exterior pela aplicação da cultura da equidade de gênero e do empoderamento da mulher. Além do aumento do número de mulheres em cargos de chefia, a empresa adota como política interna, entre outros itens, a inclusão como dependentes dos benefícios concedidos pela empresa de companheiros (as) em união estável, inclusive homoafetivos; e a introdução do horário móvel para facilitar que pais e mães possam levar e buscar os filhos na escola.
Até 2003, as mulheres detinham aproximadamente 10% dos cargos gerenciais em Itaipu; em 2015, já representam 22%. Pelas ações de gênero, a diretora Margaret Groff foi vencedora em 2013 do Oslo Business for Peace Awards, tornando-se embaixadora do empoderamento das mulheres.
Reconhecimento
Em reconhecimento a esse trabalho, a Itaipu Binacional recebeu por quatro vezes consecutivas o selo do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, concedido pela Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) do governo federal, em suas quatro edições. E, em 2013, Itaipu foi agraciada pela ONU Mulheres e o Pacto Global com o 1º Prêmio de Liderança em Empoderamento das Mulheres, na categoria “Sete Princípios” da ONU Mulheres e Pacto Global.
Agora em 2015, a Itaipu vai lançar a segunda edição do Prêmio Weps Brasil – Empresas Empoderando Mulheres. A primeira edição foi em 2013. Mais de 30 empresas de pequeno, médio e grande porte foram premiadas ou receberam menção honrosa.
Sobre ElesporElas
ElesPorElas (HeForShe) é um movimento de solidariedade, desenvolvido pela ONU Mulheres para envolver lideranças governamentais e políticos, organizações masculinas e outras organizações da sociedade civil, universidades e escolas, homens e meninos em geral, pela igualdade de gênero e pelos direitos humanos das mulheres.
Esses parceiros são encorajados a agir contra as desigualdades enfrentadas por mulheres adultas e meninas. O objetivo é promover a reflexão e a ação sobre a responsabilidade que homens e meninos têm para a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres e da violência contra mulheres e meninas. Para mais informações, acesse www.heforshe.org.
Sobre a ONU Mulheres
A ONU Mulheres é a Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres. Foi criada para acelerar o progresso nos direitos das mulheres e meninas em todo o mundo. Para mais informações, acesse o site www.onumulheres.org.br e www.unwomen.org.