Entre 2004 e 2008, na gestão do presidente Ricardo Teixeira, a CBF gastou R$ 1,3 milhão em doações para campanhas eleitorais de candidatos a prefeito, vereador, deputado estadual e deputado federal. Entre os agraciados, destaque para dirigentes da CBF e de entidades filiadas.
– O vice-presidente da CBF Marcus Vicente é deputado federal pelo PP, do Espírito Santo. Ele recebeu nas eleições 2006 uma doação de R$ 100 mil da CBF.
– O ex-senador Leomar Quintanilha, do PMDB, hoje presidente da Federação Tocantinense de Futebol, foi candidato ao governo do estado do Tocantins em 2006, então pelo PC do B. Na ocasião, recebeu uma doação de R$ 50 mil da CBF.
– O presidente da Federação de Futebol do Amapá, Roberto Goes, foi eleito prefeito de Macapá em 2008, pelo PDT. Na ocasião, a CBF fez uma doação de R$ 100 mil a sua candidatura.
– A família Sarney também já foi bastante agraciada pela CBF. A ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney, recebeu R$ 100 mil da entidade em 2006. O seu cunhado, Ricardo Murad, também ganhou R$ 100 mil quando foi candidato a prefeito de São Luís, em 2004. O irmão de Roseana, Fernando Sarney, é um dos atuais vice-presidentes da CBF.
– O deputado federal gaúcho Darcício Perondi, do PMDB, irmão do ex-presidente da Federação Gaúcha de Futebol e ex-vice da CBF, Emídio Perondi, também recebeu uma doação de R$ 100 mil da CBF em 2006.
– Na mesma eleição, o governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB, recebeu R$ 50 mil.
– O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero é sócio do deputado federal Vicente Cândido, do PT de São Paulo, em um escritório de advocacia. A empresa dos dois fez uma doação de R$ 100 mil para a campanha do parlamentar nas eleições 2014.
CPI do Futebol no Pará foi barrada pelo governo, reclama deputado
No Pará, o deputado estadual Alfredo Costa, do PT, propôs uma CPI para investigar a gestão do presidente da federação local, Coronel Antônio Carlos Nunes.
“A grande preocupação nossa é que esse Coronel Nunes está há mais de 20 anos. Ele faz parte do mesmo esquema da CBF que agora está vindo a tona. Eu consegui aprovar a CPI. Porém, eu sou um deputado de oposição e a turma do governo do estado conseguiu eleger o presidente e o relator da CPI. Então, não conseguimos fazer a ampla investigação que gostaríamos. Eu queria convocar o Coronel Nunes, mas eles quiseram só solicitar informações. Então eles aprovaram um relatório que apenas apresentava sugestões”, explica o deputado.
No Espírito Santo, o deputado federal do PP, Marcus Vicente, comandou a federação local por 24 anos.
O presidente do Linhares Futebol Clube, Adauto Menegussi tentou articular uma candidatura de oposição. Conforme o estatuto, ele precisava de cinco apoios de clubes da primeira divisão para lançar a chapa. Não conseguiu. Segundo ele, um clube desistiu de apoiar a sua candidatura por razões políticas.
“O presidente do Rio Branco (Maurício Duque) era secretário de estado do governador. Aí o governador se coligou politicamente com o Marcus Vicente, então o Rio Branco acabou saindo da chapa”, relata Menegussi. “O Marcus Vicente usou o futebol para crescer na política”, completa.
Rádio Gaúcha