Um dos esportes que mais tem atraído os brasileiros nos últimos anos é o futebol americano. A proporção de admiradores ainda não é tão grande quanto o que ocorreu com o MMA nos últimos três anos, mas tem dado sinais de alerta para um crescimento em terra brasileira.
Comparar a admiração pela bola oval com a redonda seria covardia em muitas partes do mundo, mas o aumento na procura por canais pagos com transmissão de jogos, faz com que as emissoras se aprofundem na busca de fãs.
A ESPN (canal pago) registrou um crescimento de mais de 1,5 milhão de telespectadores entre 2010 e 2013. Esse número já é bem mais alto em 2014, que apresentou um índice ainda mais impressionante, onde 3.5 milhões de televisões passaram pelos seus canais em horários de transmissão da NFL (National Football League).
Uma das principais dificuldades para angariar mais fãs, é a dificuldade no entendimento das regras do futebol americano. Outro fator é a língua inglesa, que não é dominada pela maioria dos brasileiros.
Foz do Iguaçu
Em Foz do Iguaçu a equipe Black Sharks, fundada em 2008 conquistou neste ano a Liga Nacional e garantiu vaga na Super Liga de Futebol Americano, a elite do esporte no Brasil. Recentemente o jogador da equipe Iguaçuense Elio Jacob Junior, Defensive Takle (DT), foi convocado para defender a Seleção Brasileira da modalidade.
Opinião especializada
Na primeira semana de dezembro, um evento reuniu em um restaurante da capital gaúcha, dois profissionais da ESPN para um bate-papo com fãs do futebol americano. Everaldo Marques, narrador e o comentarista Paulo Mancha conversaram com a equipe da Rádio Gaúcha e falaram sobre esse crescimento do esporte entre os brasileiros.
Para Everaldo Marques, a comparação de popularidade com o MMA é mais complexa, já que é um esporte com limitações nas quais não se tem muito controle, como o tempo de cada partida, o que dificulta a popularização em TV aberta: “É muito difícil de imaginar a Globo abrindo mão do “Fantástico” ou a Rede Bandeirantes deixar de veicular o “CQC” para exibir futebol americano. O UFC tem a popularidade que tem no Brasil, muito pelos campeões. Quando o esporte explodiu, nós tínhamos brasileiros campeões em praticamente todas as categorias”.
É do Brasil!!
A ausência de ídolos brasileiros dentro do esporte é um dos principais fatores na falta de atrativos no futebol americano. Cairo Santos é o primeiro jogador nascido no Brasil a atuar na NFL e aos poucos está sendo mais conhecido entre os próprios brasileiros. Cairo atua pelo Kansas City Chiefs como Kicker, jogador que tem como uma das funções, marcar o “extra point”, um chute que vale um ponto e é dado automaticamente após o touchdown.
“A gente precisaria ter um brasileiro protagonista pra valer na NFL para atrair bastante a atenção da mídia. Como era na Formula 1 nos anos 80 e 90, como aconteceu com Cesar Cielo na natação, o Guga no tênis, etc. Se a gente vier a ter um Quarterback campeão do Super Bowl, o que é uma coisa meio distante de imaginar, um cara protagonista da Liga de verdade, ai eu acho que o espaço do futebol americano na mídia brasileira vai aumentar”, disse Everaldo.
Na edição de 2014 do SuperBowl XLVIII, a final entre Seattle Seahawks e Denver Broncos, o time de Seattle venceu a partida por 43 a 8 e um quase brasileiro fez parte da festa.
Breno Giacomini nasceu nos EUA , mas é filho de pais brasileiros e chegou a dar algumas entrevistas em português, fazendo com que alguns se identificassem com o futebol americano, mas o apelo não foi tão furtivo como se esperava.
“A gente explica, você vira fã”
O futebol americano começou a se popularizar, mas a barreira linguística ainda é um dos fatores que fazem o esporte ser conhecido como de difícil entendimento. “Eu até acho legal, mas não intendo nada do que está acontecendo”, “São muitas regras”, “Eu não sei quase nada de inglês”. Essas são algumas das desculpas mais ouvidas quando se pergunta sobre o gosto pelo esporte. Paulo Mancha, comentarista da ESPN, avalia que essa barreira: “A maioria das informações que chegam no Brasil vem de sites americanos. Quem não tem fluência na leitura pode ter um pouco de dificuldade, mas a cada dia que passa, a gente tem aqui no Brasil mais sites e mais recursos para o telespectador aprender e se inteirar do futebol americano”. Mancha também destacou a importância que a ESPN tem aplicado em seu site, com auxílio de imagens para ilustrar e tentar explicar o futebol americano. “A gente explica, você vira fã”. Assim a ESPN chama um de seus produtos, com duração média de um minutos, onde criou uma forma de explicar um pouco da história, regras e fatos curiosos sobre o futebol americano.
Temos um Djogo!
Uma transmissão de futebol americano pode passar das três horas. A forma com que a emissora irá prender o seu telespectador se torna fundamental. Um dos diferenciais nas transmissões da ESPN, são as piadas geradas durante os jogos. “Temos um jogo!”. Expressão utilizada pelo comentarista Paulo Antunes ficou muito conhecida e é repetida cada vez que a partida muda o rumo, fazendo com que a vitória de alguma equipe não seja tão certa como se esperava. Juntando expressões mais descontraídas e interatividade pelas redes sociais, Everaldo Marques garante que nada é combinado: “Aconteceu, a gente nunca planejou nada, nunca pré-programou nenhuma piada, as coisas foram acontecendo. Você precisa prender a atenção das pessoas, mas nunca combinamos nada, as coisas foram acontecendo”.
Comece o jogo
Tanto Everaldo Marques quanto Paulo Mancha passam algumas dicas para quem quer começar a acompanhar o futebol americano. Procure sites em português, tente assistir as transmissões acompanhado de alguém que já entenda um pouco para pode tirar dúvidas na hora em que os lances acontecem e tenha um bom jogo.
Everaldo Marques e Paulo Mancha fala sobre o futebol americano entre os brasileiros, as narrações bem humoradas e dão dicas para quem quer acompanhar os jogos da NFL.
Rádio Gaúcha