O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, nesta quinta-feira (20), em Foz do Iguaçu, que o Programa Cultivando Água Boa (CAB), desenvolvido por Itaipu Binacional e parceiros na região Oeste do Paraná, seja definido como regra pelo estado brasileiro para todos os novos empreendimentos hidrelétricos no País.
Lula também se comprometeu a ser o porta-voz das reivindicações dos atores sociais do programa socioambiental de Itaipu para a presidente Dilma Rousseff.
As declarações foram feitas durante a participação do ex-presidente no Encontros e Caminhos CAB: 11 anos BP3+Sustentável, 12º encontro anual do CAB, evento que começou quarta-feira (19), no Rafain Expocenter, e termina nesta quinta. “Temos que debater formas de expandir o programa [socioambiental] de Itaipu, fazer desse modelo uma regra a ser cumprida por em todas as usinas hidrelétricas”, disse Lula.
Também participaram o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão; os diretores gerais de Itaipu, Jorge Samek (Brasil) e James Spalding (Paraguai); a senadora pelo Paraná Gleisi Hoffmann; o teólogo Leonardo Boff; e o diretor de Coordenação da binacional, Nelton Friedrich – entre outras autoridades.
Em seu discurso na plenária do encontro, Lula lembrou que o CAB mobiliza hoje mais de 2 mil parceiros em 29 municípios da BP3, beneficiando uma população estimada em 1 milhão de pessoas. Mais de 200 microbacias foram recuperadas ou estão em fase de recuperação.
“A maior qualidade do programa é envolver as pessoas e as instituições, sem medo da competitividade. São catadores, pescadores, donas de casa, com uma abordagem integrada e participativa”, elogiou o ex-presidente.
“Nesses 11 anos, o CAB não apenas fez muito pelo meio ambiente, como melhorou concretamente a vida das pessoas”, acrescentou, destacando que “são poucos os programas com tanta competência e resultados como o Cultivando Água Boa”.
Lula lembrou ainda que a água é um recurso natural finito e que existem duas formas de lidar com o problema: com educação ambiental, envolvendo a comunidade nas ações de preservação, ou por meios dos desastres naturais.
“Aqui no Brasil nós estamos aprendendo com as duas maneiras. Porque, felizmente, temos essa experiência extraordinária que é o CAB. Ou trabalhamos juntos, para preservar a natureza, ou vamos todos sofrer com a poluição e a escassez”, salientou.
Ainda segundo o ex-presidente, é provável que 90% do governo e 99% dos sindicalistas e dos congressistas brasileiros não conheçam o Cultivando Água Boa – “porque a tevê brasileira não mostra as coisas que dão certo neste País”.
“O CAB é uma nova fronteira que vocês [participantes do programa] estão abrindo. Não é uma ideia na cabeça de pessoas bem intencionadas, é um laboratório de experiências bem sucedidas”, definiu Lula.
Samek lembrou que, no último ano, Itaipu teve a melhor produção da história, consolidando a binacional como a maior produtora de energia limpa e renovável do planeta. Mesmo neste ano, apesar do problema das chuvas, a geração na binacional ficará acima dos 90 milhões de MWh, uma das maiores já registradas.
“No entanto, Itaipu não produz só energia. Produz conhecimento, desenvolvimento, tecnologia. Mas, fundamentalmente, produz na consciência das pessoas um processo de construir um mundo cada vez melhor. E isso se dá por meio do Cultivando Água Boa e por meio de vocês, que estão aqui”, disse, dirigindo-se aos participantes do programa, que lotaram o auditório.
Porta-voz do CAB
O compromisso de Lula de levar as reivindicações do CAB à presidente Dilma Rousseff foi feito durante uma reunião privada com um grupo de agricultores, pescadores, catadores, indígenas, jovens e educadores do programa, momentos antes de participar da plenária no Encontro do CAB.
Os 17 atores sociais, entre eles oito mulheres, todas chefes de família, deram um depoimento sobre a transformação de suas vidas a partir das oportunidades surgidas com a implantação de programas sociais do governo Lula. Cada um agradeceu ao ex-presidente e contou a diferença que programas como o Pronatec e o Fome Zero garantiram na vida de suas famílias.
O pedido do grupo foi que o ex-presidente peça para Dilma que os programas sociais não parem. Para Lula, o Cultivando Água Boa é uma experiência bem-sucedida, com potencial para ser repetida não só fora do Brasil, como vem ocorrendo, mas em todo o restante do País. E garantiu: vai ser não só o porta-voz, como também o garoto-propaganda das ações do programa.
Homenagens
Antes de começar o discurso na plenário, Lula pediu ao público um minuto de silêncio em homenagem ao ex-ministro da Justiça de seu governo, Márcio Thomas Bastos, morto nesta quinta-feira, em São Paulo.
O ex-presidente também foi homenageado com um vídeo mostrando imagens e discursos na Itaipu, apresentação musical e presentes – entre eles, uma cesta de produtos orgânicos cultivados na região.
JIE