O delegado da Policial federal em Foz, Ricardo Cubas, falou sobre a Operação Sustenido, que desmantelou uma organização criminosa que praticava os crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas há mais de três anos na fronteira.
Ricardo Cubas explicou que a Operação investigou uma quadrilha que fazia a ligação entre os contrabandistas e traficantes, criminosos brasileiros e paraguaios, fornecendo entorpecentes e contrabando para o Brasil. Segundo o delegado, o grupo cuidava de toda a logística de envio de recursos dessas quadrilhas do Brasil para o Paraguaio. Várias empresas eram utilizadas para as ações criminosas. A polícia federal conseguiu identificar 46 empresas que não existiam ou que tinham pequena movimentação de produtos, para receberem recursos financeiros vindos de todo o país. “O dinheiro era sacado em Foz e depois disponibilizado no Paraguai”. Disse o delegado.
Essa atividade, segundo Cubas, é denominada “Dólar Cabo”, na qual o dinheiro não transitava na fronteira, apenas mudava de propriedade. “O empresário paraguaio precisava mandar dinheiro para o Brasil, e o empresário brasileiro enviar para o Paraguai, e a quadrilha fazia a compensação do dinheiro par anão circular na fronteira e correr o risco de ser apreendido”. Explicou.
A polícia federal localizou entre os depositantes, nas empresas em Foz do Iguaçu, desde integrantes da facção criminosa do Rio de Janeiro, Comando Vermelho (CV), até quadrilhas que efetuavam sequestros, e também um funcionário público que será investigado.
Nesta quinta-feira, 22, a PF cumpriu seis mandados de prisão preventivas, 28 mandados de prisão temporária de cinco dias, seis mandados para suspeitos prestarem depoimentos, além de 43 mandados de busca e apreensão. A investigação ocorre, simultaneamente, em São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. O delegado afirmou que, até o momento, foram cumpridos 28 mandados de prisão e 28 mandados de busca e apreensão em Foz do Iguaçu.
O delegado falou sobre um exemplo de ação da quadrilha. Segundo ele, um comércio de Foz vendia produtos alimentícios para o Paraguai, porém não era uma empresa transportadora, pois se fizesse na forma legal teria que comprovar a entrada do dinheiro, fazer a operação de câmbio, seguindo o sistema oficial, então a empresa fornecia o transporte de maneira clandestina.
Ouça o áudio do Delegado Ricardo Cubas explicando o esquema:
A investigação durou nove meses. A quadrilha movimentou, nos últimos três anos, cerca de R$ 300 milhões. “O grande diferencial desta operação, é que no dia a dia, acompanhamos as mercadorias que circulam na fronteira, e nessa operação fizemos o acompanhamento do dinheiro, onde foi possível concluir todo o esquema”. Disse o delegado. Ele ressaltou que tanto as empresas, como pessoas físicas, serão investigadas.
“Muitas empresas já estavam desativadas, usadas temporariamente, e outras ainda funcionam e terão seus bens retidos e fiscalizados.” Finalizou.
A Polícia Federal não divulgou os nomes dos detidos e empresas envolvidas.