Observações realizadas em diversas localidades da América do Sul, inclusive em Foz do Iguaçu, por meio do Polo Astronômico Casimiro Montenegro Filho, instalado no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), resultaram na surpreendente descoberta do primeiro sistema de anéis em torno de um asteroide. O resultado inesperado foi divulgado na tarde desta quarta-feira (26), pela Revista Nature, considerada uma das principais publicações científicas do mundo.
O Polo Astronômico Casimiro Montenegro Filho foi um dos observatórios que identificou os anéis do asteroide. A observação do fenômeno, que ocorreu na madrugada do dia 03 de junho de 2013, reuniu uma equipe internacional, liderada pelo astrônomo brasileiro Felipe Braga-Ribas, do Observatório Nacional, e foi realizada em sete locais da América do Sul. Do Polo, participaram das observações o pesquisador Daniel Iria Machado, professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), e a monitora Liliane Lorenzini.
Com 250 quilômetros de diâmetro, o pequeno asteroide Chariklo se encontra rodeado por dois anéis, um com sete quilômetros de largura e um com três quilômetros, que estão separados por um espaço de nove quilômetros. Segundo informações do Observatório Europeu do Sul (ESO), trata-se do menor objeto já descoberto com anéis e o quinto corpo no Sistema Solar, depois dos planetas Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, com essas características.
A identificação do sistema de anéis ocorreu por meio do fenômeno de ocultação de uma estrela, que é quando o seu brilho aparente é bloqueado pela passagem de um objeto. Com a previsão de que o asteroide Chariklo passaria em frente da estrela, a equipe envolvida conseguiu identificar, além da ocultação principal, quatro pequenas “quedas” de luz, sendo duas antes e duas depois do “apagão” intenso. Foram essas pequenas quedas de luz que ajudaram a determinar a existência de anéis em torno do asteroide.
“Não estávamos à procura de anéis, nem pensávamos que pequenos corpos como o Chariklo os poderiam ter. Por isso, essa descoberta – e a quantidade extraordinária de detalhes desse sistema – foi, para nós, uma grande surpresa”, afirmou Felipe Braga-Ribas, em artigo publicado pelo ESO.
A passagem dos anéis do asteroide pela estrela também foi observada no Polo Astronômico. Segundo o pesquisador Daniel Iria Machado, foram coletadas mais de 100 imagens do fenômeno, que, depois de analisadas pela equipe do Polo, foram encaminhadas para a análise final do grupo de pesquisadores. Esse registro foi feito por meio de uma câmera CCD acoplada ao telescópio.
Janer Vilaça, coordenador do Polo, também ressaltou que esse mesmo equipamento, utilizado para essa descoberta surpreendente, é usado nas atividades de formação e divulgação científica realizadas no Polo. “É uma satisfação muito grande ter participado de um trabalho que resultou na surpreendente descoberta do primeiro sistema de anéis em torno de um asteroide. Isso coloca o Polo também como um importante ambiente de pesquisa e de observações científicas”, afirmou.
Polo Astronômico
Certificado pela International Astronomical Union (IAU), por meio da Network for Astronomy School Education (Nase), o Polo Astronômico Casimiro Montenegro Filho foi construído para disseminar os conceitos astronômicos e, desde 2009, atua dentro da filosofia de popularização das ciências, incentivando a formação de uma cultura científica e um ensino de qualidade.
O Polo atua nas linhas informacional, com atendimentos rotineiros a estudantes de todos os níveis de ensino; formacional, com a qualificação de professores do ensino básico da rede pública, uma vez que, no Paraná, o ensino da Astronomia é tema estruturante do currículo; e de pesquisa e observação, que consiste no monitoramento e observação de astros cujas dinâmicas são pertinentes ao contexto científico. O observatório faz parte do Minor Planet Center (MPC), órgão da International Astronomical Union (IAU), entidade máxima da Astronomia mundial.
Parque Tecnológico Itaipu