A cada 100 pessoas infectadas com tuberculose no Paraná, quatro morrem em decorrência da doença. Essa taxa de mortalidade é cinco vezes maior quando o paciente está co-infectado com o vírus da Aids. Atualmente, a tuberculose é a principal causa de morte entre as pessoas que vivem com HIV.
Apesar disso, muitas pessoas ainda desconhecem os sintomas da tuberculose, o que compromete o diagnóstico precoce e o sucesso do tratamento. A necessidade de se difundir o problema da co-infecção entre a tuberculose e o HIV foi tema de um encontro nesta sexta-feira (21), em Curitiba.
O evento reuniu cerca de 400 pessoas, entre profissionais de saúde, gestores municipais e técnicos de diversas áreas. O encontro também marcou o início das atividades em comemoração ao Dia Mundial de Combate à Tuberculose, celebrado na próxima segunda-feira (24).
Segundo a coordenadora do Centro Estadual de Epidemiologia, Cleide de Oliveira, é preciso que os serviços de saúde tenham um olhar atento principalmente àqueles pacientes com maior risco. ”O que queremos é que pacientes diagnosticados com HIV sejam submetidos imediatamente à prova tuberculínica, exame que detecta a tuberculose. O contrário, também é importante. Pacientes com tuberculose devem realizar o teste rápido de HIV”, disse.
Ambos os exames estão disponíveis gratuitamente na rede pública de saúde. A Aids não tem cura, mas o paciente com HIV pode ter uma vida normal se mantiver o tratamento à risca. Já a tuberculose tem cura, mas para isso o tratamento tem ser realizado ininterruptamente por, no mínimo, seis meses.
ABANDONO – No Paraná, a taxa de abandono dos pacientes em tratamento contra a tuberculose chega a 6,8%. Contudo, há cidades como Paranaguá, no litoral do Estado, que conseguiram reduzir esse índice a zero com ações focadas no acompanhamento constante do paciente.
“As equipes de saúde de Paranaguá realizam um grande trabalho com o TDO, tratamento diretamente observado. Ele consiste no acompanhamento diário do paciente em tratamento e traz uma série de benefícios a todo o processo de cura”, explicou a coordenadora do Programa Estadual de Controle da Tuberculose, Betina Gabardo.
Segundo ela, o TDO fortalece o vínculo entre equipes de saúde e pacientes e permite que o profissional de saúde identifique de forma mais fácil possíveis efeitos colaterais por conta dos medicamentos.
O empresário Adalberto Perna é prova de que o TDO é decisivo para a cura da doença. Ele descobriu que estava com tuberculose em junho de 2012 e conta que iniciou o tratamento 24 horas após o diagnóstico. “O que me surpreendeu foi que os profissionais de saúde iam a minha casa ou ao meu escritório levar o medicamento todos os dias”, relata.
Adalberto afirma que esse contato diário reduz as chances de o paciente abandonar o tratamento. “Certamente, se não fosse o TDO, eu teria parado de tomar os medicamentos em 15 ou 20 dias”.
O abandono do tratamento é extremamente prejudicial ao paciente. Quando há interrupção, o bacilo transmissor da doença pode ficar mais resistente e o tempo de duração do tratamento pode saltar para no mínimo um ano e meio.
DOENÇA – A tuberculose é transmitida por gotículas eliminadas no ar quando o doente tosse, espirra ou fala. Normalmente atinge os pulmões, mas também pode acometer outros órgãos. Os sintomas mais frequentes são tosse, cansaço excessivo, febre, sudorese, falta de apetite e emagrecimento.
Somente em 2013, 2,3 mil casos novos de tuberculose foram diagnosticados no Paraná. Pessoas que tiveram contato direto com pacientes com a doença também devem procurar uma unidade básica de saúde e realizar o exame de diagnóstico.
AEN