Escute o áudio da entrevista:
https://soundcloud.com/r-dio-cultura-foz/pai-cassiano
Com o depoimento de Jéferson Diego Gonçalves, preso dia 15 de março, acusado pela morte da estudante uruguaia Martina Conde, a polêmica sobre rituais de oferenda repercutiu em Foz do Iguaçu. O acusado falou à polícia que teria enforcado a universitária para poder “subir na vida” e atribuiu o assassinato a uma orientação espiritual de um pai de santo. Para falar sobre isso, o programa Contraponto ouviu o Pai de Santo Cassiano Togum, onde Jéferson Diego teria levado Martina no dia do crime.
Pai Cassiano, que tem terreiro de umbanda e candomblé na Vila Adriana, negou que exista a prática de oferenda nessas religiões e que Jéferson mentiu para se inocentar. “Tenho certeza do que ele falou não é verdade e que tenha usado de maneira para se defender ou para detrair aquilo que ele fez. Eu sou pai de santo há muito tempo, moro em Foz do Iguaçu há muitos anos e no mesmo lugar, tenho família na minha casa, não conheço religião nenhuma, muito menos a minha, que vá fazer uma coisa como assassinar alguém para subir na vida. A gente só sobe na vida quando estuda e quando trabalha e constrói alguma coisa”, disse Cassiano de Ogum, lamentando a repercussão negativa gerada após o depoimento de Jéferson Diego, podendo causar preconceito contra a religião.
Em seguida, o delegado-chefe da Homicídios em Foz do Iguaçu, Marcos Araguari de Abreu, participou do programa informando que ouviu outros líderes de religiões afro-brasileiras e chegou a conclusão de que o acusado está mentindo e usando a religião como desculpa pelo assassinato.
“A alegação do indiciado é que ele teria feito um sacrifício tendo em cota um conselho recebido por um determinado líder espiritual. E nós constatamos, é claro que todos os delegados estão empenhados em elucidar também essa situação toda, e nós constatamos que de fato não há nenhuma relação na conduta do Jéferson Diego Gonçalves com qualquer religião, seja ela católica, afro-brasileira, enfim. Ele inventou uma história e quis justificar esse assassinato brutal misturando elementos de várias religiões (…) quero que fique muito claro que não há ligação com qualquer pessoa ligadas a religiões, seja pai de santo, mãe de santo, pessoa de qualquer tipo de igreja. Nenhuma relação de qualquer outra pessoa com o crime”, afirmou Araguari.