Na sexta-feira, 14, o Delegado da Polícia Civil, Alexandre Macorin, publicou na página oficial da PC no Facebook, uma nota aberta onde ele relata um “desabafo” sobre uma mulher que se identificou como sendo Professora da UNILA, e indagou “insatisfação” com o trabalho da polícia sobre o caso da morte da estudante Uruguaia em Foz. Na carta, o delegado “desabafa” respondendo a atitude da mulher que segundo ele foi “de forma grosseira e desrespeitosa”.
CARTA ABERTA:
Srs. policiais, desculpem, preciso desabafar: após um registro de desaparecimento de pessoa nesta delegacia iniciaram-se as diligências que culminaram com o encontro por policiais civis do cadáver de uma estudante em um apartamento, indício de homicídio, providências de praxe e um corre corre danado, em poucas horas a constatação do crime, a expedição dos laudos e, ainda durante o final de semana a representação corroborada pela Justiça da prisão preventiva do suspeito, o qual protegido pelos quatro dias decorridos entre o fato e o encontro do corpo, encontrava-se foragido. Iniciam-se as ações então voltadas à captura, ações estas envolvendo além da delegacia especializada vários outros setores da delegacia e policiais abnegados e honrados que, mesmo em horário de folga continuam na missão, encontrar o assassino.
Eis então a surpresa, comparece na delegacia especializada em crimes de homicídio, delegacia esta de eficácia comprovada em nossa cidade com milhares de casos em andamento e local de trabalho de homens e mulheres vocacionados, uma senhora com titulação para ministrar aulas, posto que chamar alguém assim de professora talvez seja fora de contexto, veio para reclamar e demonstrar sua “insatisfação” com a investigação, pois decorridos seis dias o autor “ainda” não está preso, de forma grosseira e desrespeitosa afirmou que para demonstrar sua indignação vai “organizar” uma passeata na Universidade em que a jovem estudava.
Minha cara antropóloga, na minha modesta opinião o seu entendimento sobre investigação policial é tão grande quanto o meu entendimento sobre a “arte bizantina no século passado”. Cada um na sua, respeite o trabalho alheio para ser respeitada.
Saiba, minha senhora, que neste exato momento em que escrevo isso vossa senhoria deve estar dormindo ou quem sabe organizando mais uma passeata contra a Copa, contra o liberalismo, contra a opressão ou sei lá mais o que… Nada contra, é o seu direito. Mesmo nesse horário da madrugada são esses mesmos policiais que tanto despreza que mantém a ordem e estão nas ruas permitindo seu sono tranquilo. Vá em frente, organize mais uma passeata, mas saiba de uma vez por todas que nós policiais devemos e sabemos ser cobrados, mas com bom senso, saiba ainda que os preciosos minutos que vossa senhoria tomou dos policiais para manifestar toda a sua insatisfação sobre a investigação em andamento são minutos de vantagem ao assassino, pois além de persegui-lo também é nossa obrigação atendê-la e ouvi-la.
Ouvida está minha senhora, agora, por favor, deixe-nos trabalhar porque temos um trabalho importante a fazer.
Alexandre Macorin
Delegado chefe da 6ª SDP de Foz do Iguaçu