Atleta destaque na fronteira, Cleiton Boaventura, de 32 anos de idade, participou do programa esportivo da Cultura na tarde de quarta-feira, 27, e falou sobre o esporte, títulos e principalmente sobre a sua nova perspectiva de vida depois de iniciar o Jiu-jítsu. Boaventura pratica o esporte há apenas cinco meses e já carrega em seu peito o título campeão Pan-Americano, disputado em São Paulo este ano. Além do título continental, atleta garantiu mais medalhas em outros campeonatos como na classificação para Abu Dhabi, onde ficou na segunda colocação, porém só o primeiro colocado ganharia passagem e hospedagem para lutar em Emirados Árabes Unidos.
Mas, o problema da história de vida de Cleiton se tornou simplesmente um detalhe. Ainda criança, aos 13 anos de idade, ele sofreu um acidente e dois anos depois chegou à consequência, a perda da visão. Seu professor e amigo, Pablo Anastácio, também participou da entrevista e contou como aconteceu esta mudança em que teve a honra de estar ao lado de Cleiton. “Vi a mudança não só no corpo, mas também na vida do Cleiton.” Disse Pablo. O professor contou que Cleiton após perder a visão se tornou um jovem depressivo e apegado à comida, “a cabeça dele mudou, as atitudes mudaram, o que era preto hoje há cores, há amigos, uma nova vida,” disse.
Cleiton descreveu o esporte como a entrada para uma nova caminhada e um novo objetivo. O atleta treina todos os dias, dois treinos por dia. Ele pratica o esporte no dia a dia com outros lutadores que não têm o mesmo problema na visão. O professor Pablo Anastacio explicou que, atualmente, os campeonatos de Jiu-Jitsu ainda não são preparados para atender atletas especiais. “Alguns campeonatos iniciaram uma categoria especial, mas muitos ainda não há nem a inscrição para fazer.” Observou o professor que observou, ainda, que Cleiton lutou até nos campeonatos que participou com lutadores que também perderam a visão, mas no próximo combate deverá lutar com lutadores que não têm esta deficiência, “ele já treina desta maneira, é o único que não consegue enxergar e ele demonstra a cada dia que passa que este problema é apenas um detalhe e se pode passar por cima,” ressaltou Pablo.
O atleta, que hoje, mora sozinho, faz sua própria comida e cuida de sua casa, tem o apoio de amigos e familiares, mas ainda sofre com a falta de patrocínio. Atualmente, o foco de Cleiton é conseguir um patrocínio para se alimentar, mas a dificuldade é muita, “estou vencendo, vou treinar forte para vencer mais e mais, pois sei que preciso aparecer para conseguir apoio e vou buscar a vitória”, finalizou o atleta que, segundo ele, tem a obrigação de deixar uma mensagem, “dê um sentido à sua vida, busca um objetivo, foca nele e corra atrás”.
Cleiton faz parte da equipe Orions Nova União – Mestre Marcos Broa, Professor Pablo Anastácio de Foz do Iguaçu.