O ano de 2013 foi especial para Xavi Hernández. E não apenas pelo sucesso obtido dentro de campo. Além de ter conquistado mais um título nacional com o Barcelona e de ter garantido presença naquela que será sua quarta Copa do Mundo da FIFA, o maestro do meio-campo espanhol, eleito para a Seleção Mundial da FIFA/FIFPro, ainda celebrou seu casamento com Nuria Cunillera em julho.
Em meio a tantas alegrias, Xavi amargou 90 minutos de frustração, o tempo que durou a final da Copa das Confederações da FIFA no Maracanã, em que o Brasil deu uma verdadeira aula de futebol com um contundente 3 a 0. Em entrevista ao FIFA.com, o craque do Barcelona falou sobre essa partida, a recente temporada e a sede de revanche contra a Seleção de Luiz Felipe Scolari.
Xavi, o ano de 2013 foi muito especial para você e por vários motivos. Você destacaria alguma conquista em particular?
Foram muitos momentos. Quando você faz um balanço, vê que foi um ano muito bom. Não chegamos a jogar bem nas semifinais da Copa do Rei e da Liga dos Campeões, contra Real Madrid e Bayern, mas ganhamos um Campeonato Espanhol de forma extraordinária, considerando as circunstâncias, com a doença de Tito (Vilanova). Acho que o grupo se uniu ainda mais para buscar esse título com 100 pontos, por isso foi um campeonato histórico para todos nós. Quanto à seleção, conseguimos nos classificar para a Copa e com uma bela campanha, em um grupo muito forte, porque tinha a França. Foi muito difícil ir a Paris precisando da vitória, mas acabamos conseguindo. O triste foi a final da Copa das Confederações, em que o Brasil jogou melhor. Mas, no balanço geral, foi um grande ano, no qual destacaria o título espanhol que conquistamos, apesar das circunstâncias adversas relacionadas a Tito. Foi um feito e tanto.
Você não citou seu casamento…
Estávamos falando de futebol! Não? (risos) Mas isso também, claro. Foi o melhor dia da minha vida, tive uma cerimônia muito emocionante. Estou muito bem, feliz.
Mesmo que sua esposa reclame que você vê muito futebol?
Sim (risos). Bom, é a minha paixão e minha mulher sabe disso. É o que mais me diverte e fascina, o que me deixa contente e feliz. Verei futebol minha vida toda, sem dúvida nenhuma. É o que mais gosto de fazer.
Levando em conta essa paixão para analisar o futebol do ponto de vista tático, você encontrou alguma explicação para a diferença tão notória entre Brasil e Espanha na final da Copa das Confederações?
Acho que foi por não estarmos no melhor da forma física. A prorrogação contra a Itália na semifinal nos afetou muito. E para o Brasil, o fato de ter feito um gol no primeiro minuto ajudou a tirar a pressão de jogar em casa. Foi um jogo em que deu tudo errado para nós e tudo certo para eles. Mas, para ser justo, o Brasil jogou melhor do que a Espanha. Ainda assim, foi uma experiência positiva para a Copa do Mundo. Já conhecemos as condições climáticas e o que iremos encontrar em caso de novo confronto contra o Brasil. Diria que eles souberam superar a pressão de serem os anfitriões.
Muito se falou sobre o hino brasileiro nessa partida, assim como o clima intimidador do Maracanã. No nível em que vocês jogam, qual é a verdadeira influência do ambiente no rendimento de uma equipe?
O ambiente favorável sempre ajuda, ainda que muitas vezes possa atrapalhar. Possivelmente, haverá uma pressão extra, que você terá que superar. O Brasil fez gol no início e no final do primeiro tempo, um extraordinário ponto a favor. Lembro uma jogada de Pedro que David Luiz salvou. Seria o empate e teria mudado a história do jogo. Mas o Brasil jogou num nível altíssimo: pressionou, movimentou bem a bola, soube nos enfrentar e nos apertou. Não nos deixou jogar.
Agora quis o destino que talvez vocês tenham uma revanche nas oitavas…
(interrompe) Espero que sim! Espero… ou na final, por que não? Mas, claro, sabemos que se trata de uma Copa do Mundo e que caímos em um grupo difícil, assim como eles tampouco têm um grupo fácil. O futebol sempre lhe dá uma revanche. Espero que seja no Mundial e, quanto mais perto da final, melhor.
Vocês falam dessa provável revanche na intimidade do grupo?
Não, não. Simplesmente caímos em um grupo difícil, muito complicado. Realmente dos mais difíceis da Copa. E vamos lá para competir, temos esperança de fazer uma boa campanha, de defender nosso título, mas com cautela e prudência. Sabemos quão difícil é disputar um Mundial e já, desde o início, com o grupo em que fomos sorteados. Se não é o mais difícil, é um deles.
Onde acompanhou o sorteio?
Estava em casa.
E o que pensou quando viu a Holanda ser sorteada no grupo?
Bom… (pensa) São essas histórias do futebol que surpreendem. Uma final de Copa agora é o primeiro jogo do grupo. Mas assim é o sorteio, puro desse jeito, e no nosso caminho teremos a Holanda mais uma vez e o Chile, que vem muito forte e que já enfrentamos várias vezes. E depois a Austrália, que veremos como está. No papel, é um grupo realmente difícil.
Ouvimos você dizer que esta será sua última Copa do Mundo. É isso mesmo?
Provavelmente, sim. (risos)
Isso significa que será um Mundial diferente dos anteriores?
Não, acho que não. Chegarei com o maior entusiasmo possível e espero estar em boas condições físicas. No momento, estou me sentindo bem, com vontade de participar e de fazer uma grande Copa. Espero que a Espanha chegue o mais longe possível, mas se conseguirmos conquistar o título novamente, sabendo de todas as dificuldades, melhor ainda. Gostaria de me despedir da Copa de maneira positiva.
Por FIFA