Stroessner: Paraguai lembra os 25 anos do fim da ditadura e pede punição

O Paraguai comemorou e reivindicou durante toda esta segunda-feira (3), em lembrança aos 25 anos da queda do maior ditador do país, o general Alfredo Stroessner Matiauda. Logo cedo, representantes dos Direitos Humanos se reuniram no centro da capital Assunção para lembrar as vítimas que desapareceram durante os anos de 1954 e 1989 e até hoje não foram encontrados. Em seguida, flores foram colocadas no Panteón de Los Heroes, local onde estão os restos mortais de alguns dos ex-presidentes do país.

Segundo dados da Comissão da Verdade e Justiça do Paraguai, 425 pessoas desapareceram ou foram executados no país pelas forças de segurança do regime militar de Alfredo Stroessner. Ainda durante as lembranças pelo fim da ditadura, a presidente da Comissão leu um manifesto na Praça dos Desaparecidos, em frente ao Congresso, pedindo ao governo do Paraguai que apresente imediatamente um Projeto de Lei que investigue e puna os culpados pelas mortes durante os 35 anos do regime militar.

No final da tarde, sindicatos, estudantes, organizações políticas de esquerda e associações dos direitos humanos se reuniram na Praça Itália, no centro de Assunção, para também lembrar o os 25 anos do fim da ditadura. Depois os manifestantes caminharam até a o Museu das Memórias, construído no antigo centro de detenção ilegal, onde é guardado até hoje instrumentos de tortura usados pelos militares a mando de Stroessner.

A ditadura paraguaia foi caracterizada como uma das mais cruéis da América Latina, com uso frequente de tortura. Acredita-se que cerca de 20 mil pessoas foram torturadas entre as décadas de 50 e final de 80 e mais umas 20 mil tenham sido exiladas.

História

De mãe paraguaia e pai alemão, Stroessner nasceu na cidade de Encarnación, à beira do Rio Paraná, na fronteira com a Argentina. Com dezessete anos entrou no exército, iniciando a vida militar. Em 1948 tornou-se o general mais novo da América do Sul, até conseguir um golpe de estado em 1954, tirando do poder o então presidente Federico Chaves. Stroessner conseguiu ser reeleito sete vezes, em eleições fraudulentas.

Em 1989, outro golpe de estado, dessa vez chefiado pelo general Andrés Rodrigues, tirou Alfredo Stroessner da presidência do Paraguai. Após a queda, o ex-ditador foi mandado para exílio no Brasil, onde viveu até morrer aos 93 anos, em 16 de agosto de 2006, em Brasília. Na época, os direitos humanos se manifestaram contra um eventual translado do corpo do ditador até o Paraguai e ele acabou sendo enterrado em Brasília, sem honras militares.

Sair da versão mobile