Os R$ 8 bilhões gastos com a construção e a reforma dos estádios que sediarão os jogos da Copa do Mundo apresentaram, em 2013, os primeiros retornos financeiros. Dos 12 estádios que serão palco dos jogos, seis já estão prontos. Neles, foram arrecadados R$ 176,5 milhões apenas com a venda de ingressos para o Campeonato Brasileiro de 2013 – recorde histórico, após um aumento de 49% na comparação com a receita obtida no ano anterior. Nos 380 jogos do torneio, quase 6 milhões de torcedores pagaram ingresso, número 15% superior ao registrado em 2012.
Com a ajuda da Copa das Confederações, foram batidos também recordes no setor de turismo. Segundo o Ministério do Esporte, o país ultrapassou pela primeira vez a marca de 6 milhões de turistas no decorrer de 2013. A receita obtida a partir dos gastos dos turistas estrangeiros foi US$ 6,13 bilhões, entre janeiro e novembro, recorde histórico para o período.
Só com a venda de artesanato, foram movimentados R$ 2,7 milhões durante o período de jogos. Além disso, R$ 100 milhões em novos negócios foram gerados por micro e pequenas empresas brasileiras devido as obras e aos serviços gerados. A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) fechou negócios da ordem de R$ 1,8 bilhão no Projeto Copa, durante o torneio de 2013. A ação reuniu 1,4 mil empresários.
O Brasil contabilizou, durante o evento, ganhos que provavelmente serão batidos durante a Copa do Mundo. Tendo por base levantamento da empresa Ernst & Young, o ministério estima que a preparação da Copa do Mundo movimentará, entre 2010 e 2014, R$ 142,39 bilhões adicionais na economia nacional, gerando 3,63 milhões de empregos e R$ 63,48 bilhões de renda para a população.
Segundo o ministério, foram gerados 24,5 mil empregos diretos com a construção das seis arenas utilizadas na Copa das Confederações. As novas arenas têm o conceito multiuso, com espaços para shows, restaurantes, centros de convenções, feiras, exposições e permitirão várias outras fontes de recursos e possibilidades de uso.
“Na comparação com os estádios de outros países, os nossos estão entre os mais modernos e avançados. No entanto, estão também entre os mais caros, com o custo, por acento, entre os mais altos do mundo”, disse à Agência Brasil o vice-presidente do Sindicato Nacional da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco), João Alberto Viol.
Estudo do Sinaenco mostra que de todas as obras previstas na Matriz da Copa, os estádios foram os que apresentaram maior aumento de custo. Ao longo de quatro anos, a previsão de gastos com os estádios passou de R$ 5,66 bilhões para os atuais R$ 8 bilhões.
Em termos absolutos, a obra mais cara foi a construção do Estádio Nacional Mané Garrincha (R$1,4 bilhão), em Brasília. Há quatro anos, a previsão era que o estádio custaria R$ 745,3 milhões, um sobrepreço de 88,3%. Em segundo lugar, está a reforma do Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro (R$ 1,05 bilhão). Antes, a expectativa era que a obra fosse feita por R$ 600 milhões – sobrepreço de 75%.
Cinco estádios estão entre as dez obras previstas na Matriz da Copa que apresentaram, em termos proporcionais, maior sobrepreço. O Beira Rio ocupa a terceira colocação nesse ranking, com um aumento de 153,8% em relação ao preço inicial, passando de R$ 130 milhões para R$ 330 milhões. Em sexto lugar está o estádio de Brasília; em sétimo o Arena da Baixada, em Curitiba, com um aumento de 77,1% (passando de R$ 184,5 milhões para R$ 326,7 milhões); em oitavo o Maracanã; e em décimo o Mineirão (63,1%), que passou de R$ 426,1 milhões para R$ 695 milhões.
Apesar de altos, esses gastos representaram mudança radical em um cenário que, em 2007, era de estádios construídos entre as décadas de 1960 e 1970. “Estavam aos pedaços. Agora temos 15 estádios de primeira linha: os 12 destinados aos jogos e, ainda, o do Palmeiras e o do Grêmio, além do [Estádio] Independência, em Minas Gerais”, avalia o integrante do Sinaenco. Ele não vê grandes riscos de atrasos nas obras, “até porque, como são essenciais para o evento, eles foram a grande preocupação do governo federal”.
De acordo com o Ministério do Esporte, as obras nos seis estádios remanescentes serão entregues a tempo. A previsão é concluir, ainda em janeiro, as obras dos estádios Arena das Dunas, em Natal, e do Beira Rio, em Porto Alegre. A Arena Pantanal, em Cuiabá, será concluída até o fim de fevereiro, e a Arena da Baixada, em Curitiba, será finalizada entre fevereiro e março. O último estádio a ser concluído será o Itaquerão, em São Paulo, na primeira quinzena de abril.”
Por Agência Brasil