Mônica Nasser
O Ministério da Saúde anunciou no último dia (18) que o Sistema Único de Saúde (SUS) passará a oferecer um novo tipo de teste rápido de aids no próximo ano. Novidade no Brasil é feito por meio de fluido oral. O objetivo é oferecer o diagnóstico para a população nos serviços de saúde que atendem às populações vulneráveis e nas farmácias da rede pública.
A previsão é de que o teste seja usado a partir de março por 40 organizações não governamentais (ONGs) parceiras do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde. No segundo semestre, o diagnóstico rápido será oferecido na rede do SUS e chegar no Paraná e em Foz do Iguaçu.O kit para fazer o teste está sendo produzido pelo laboratório Bio-Manguinhos/Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Algumas orientações são importantes para fazer o novo teste, evitar ingerir alimento ou bebida, fumar ou inalar qualquer substância, escovar os dentes e usar antisséptico bucal nos 30 minutos anteriores. Também é preciso retirar o batom e evitar atividade oral que deixe resíduo. O fluido do teste oral é extraído da gengiva e da mucosa da bochecha com o auxílio da haste coletora. O resultado sai em até 30 minutos.
Segundo Marcos Antonio, presidente do NASA- Núcleo de Ação Solidária à Aids, o teste rápido, com sangue já foi implantado este ano em Foz do Iguaçu. “É realizado o exame de Hepatite B e A, Sífilis e HIV/ Aids .O resultado sai em no máximo 45 minutos”. A Missão do NASA em Foz do Iguaçu é desenvolver, no município, ações integradas para o enfrentamento da epidemia da AIDS promovendo a conscientização, prevenção, orientação e lutar para garantir os direitos humanos das pessoas vivendo e convivendo com HIV/AIDS.
De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado do Paraná, o exame é mais prático que os convencionais e pode ser ofertado em locais com grandes aglomerações de pessoas, como shows, festivais e eventos esportivos. O teste rápido não demanda grande estrutura. Leva em torno de 45 minutos para ficar pronto e precisa de apenas uma gota de sangue, que é retirada do dedo da pessoa.
Antes da realização do exame, a pessoa é informada sobre a importância do diagnóstico. Independentemente da realização ou resultado do teste, ela é orientada sobre as formas de prevenção e transmissão das DSTs e caso o resultado dê positivo, ela recebe o atendimento de um profissional preparado para prestar todo o suporte psicológico e dar informações sobre o tratamento disponível pelo SUS.
O Ministério também anunciou a aprovação do novo Manual Técnico para Diagnóstico da Infecção pelo HIV em Adultos e Crianças, que complementa os procedimentos para os testes de HIV no país. O documento também traz a possibilidade de confirmação do diagnóstico com um segundo teste, também rápido, que permite a redução do tempo de entrega do resultado ao paciente.
No Brasil, estima-se que 21 mil crianças e adolescentes de até 19 anos sejam portadores do vírus HIV e ainda não sabem disso. A maior parte dos casos corresponde a crianças que foram infectadas através de transmissão vertical (de mãe para filho durante a gravidez) e não tiveram um acompanhamento adequado durante o pré-natal.
Dados
Desde o início da epidemia, em 1980, até junho de 2012, O Brasil tem 656.701 casos registrados de Aids (condição em que a doença já se manifestou), de acordo com o último Boletim Epimiológico do Governo. Em 2011, foram notificados 38.776 casos da doença e a taxa de incidência de aids no Brasil foi de 20,2 casos por 100 mil habitantes.
Observando-se a epidemia por região em um período de 10 anos, 2001 a 2011, a taxa de incidência caiu no Sudeste de 22,9 para 21,0 casos por 100 mil habitantes. Nas outras regiões, cresceu: 27,1 para 30,9 no Sul; 9,1 para 20,8 no Norte; 14,3 para 17,5 no Centro-Oeste; e 7,5 para 13,9 no Nordeste. Vale lembrar que o maior número de casos acumulados está concentrado na região Sudeste (56%).
Atualmente, ainda há mais casos da doença entre os homens do que entre as mulheres, mas essa diferença vem diminuindo ao longo dos anos. Esse aumento proporcional do número de casos de aids entre mulheres pode ser observado pela razão de sexos (número de casos em homens dividido pelo número de casos em mulheres). Em 1989, a razão de sexos era de cerca de 6 casos de aids no sexo masculino para cada 1 caso no sexo feminino. Em 2011, último dado disponível, chegou a 1,7 caso em homens para cada 1 em mulheres.