Mônica Nasser
No estúdio da Rádio Cultura na manhã desta sexta-feira, Paulo Angeli, presidente do Comtur-Conselho Municipal de Turismo de Foz do Iguaçu falou sobre o julgamento realizado no Tribunal Regional Federal, na quinta-feira, 05, em Porto Alegre. Em discussão, o acesso de vans e taxis ao Parque Nacional do Iguaçu- PNI. “Infelizmente a decisão não foi favorável a cidade”, desabafou Angeli.Transporte será exclusivo para ônibus da concessionária.
A questão estaria se arrastando desde a criação do Plano de Manejo. Em 1999. Segundo Angeli, na gestão do governador Jaime Lerner, o estado do Paraná, juntamente com o Ibama criaram o Plano de Revitalização do Parque Nacional do Iguaçu. Na ocasião foi estabelecida a questão do transporte dentro do atrativo e a cláusula teve que ser seguida, em 2000, com a criação do Plano de Manejo. “A cláusula já previa que a cidade não ia participar do transporte dentro do PNI”, confirmou Paulo.
Questionado sobre a participação da comunidade nas questões ligadas aos seus patrimônios, Angeli lembrou a Lei do Sistema Nacional de Conservação. “Neste caso do Parque a população foi excluída. A Lei do Sistema Nacional de Conservação é clara , diz que a sociedade tem que participar e não foi o que aconteceu com o Plano de Manejo”.
Em 23 dias, o fluxo de vans e taxis de turismo será interrompido no PNI. O Parque Nacional do Iguaçu hoje é o segundo maior destino brasileiro buscado por turistas estrangeiros. Questionado sobre os reflexos da decisão, Paulo lembrou. “Não estamos prontos para atendermos assim com todos no mesmo ônibus e sem tratamento diferenciado. Já estamos tendo cancelamento de grupos”.
Sobre a participação do instituto Chico Mendes no processo, Angeli lembrou, “O Instituto Chico Mendes se considera dono das unidades de conservação e com um comportamento que não dá exemplo da conservação. A fauna do PNI esta sendo dizimada.Quando eles assumiram tinha 120 onças e agora são apenas 15”. Angeli lembrou também o reajuste de atrativos dentro do PNI realizado nos últimos dias. “Reajuste aleatório de 30% .Não se respeita nem o prazo de adequação contratual e que se siga a sistemática do turismo internacional”.
Para Angeli a questão passa longe de ser ambiental e estaria ligada a interesses econômicos. É uma apropriação de um direito e de uma propriedade da cidade e não tem a ver com questão ambiental. É triste como alguns gestores descumprem a lei tentando jogar para a mídia, que é em nome de um bem maior.Praticam ilegalidades, não querem participação da sociedade, mas não abrem mão das suas mansões.Esta hipocrisia que nos angustia”, completou.
Com a nova decisão dos desembargadores, o Sindicato dos Guias de Turismo de Foz do Iguaçu vai fazer uma reunião nesta sexta-feira, 6, para debater a questão. O encontro será às 19 horas, no Centro de Turismo (em frente ao Hotel Bourbon, na Avenida das Cataratas).
Ouça na íntegra: