Por Daryanne Cintra
Enfrentar às dificuldades comuns do dia-a-dia já é algo bastante difícil, mas, para a jovem psicóloga Nayara Lima, de 26 anos, essa dificuldade aumenta, principalmente quando precisa utilizar o transporte público de Foz. “Hoje (quinta-feira), me desloquei até o ponto de ônibus próximo a minha casa, no Jardim São Rafael II. Meu destino seria ir até a Avenida JK, no centro. Porém passou o ônibus e ele não era adaptado para cadeirante. Passou o segundo, e neste a rampa de acesso não funcionava. O motorista sugeriu que eu pegasse então o transporte na República Argentina, mas, a bateria da minha cadeira não iria aguentar chegar até lá, e então voltei para casa”, contou a jovem.
Essa não é a primeira vez que Nayara enfrenta desafios na hora de utilizar o transporte público. Ela relatou a reportagem da Rádio Cultura que, desde que começou a usar o ônibus para se locomover, encontra dificuldade em tudo. “Quando eu ia para faculdade dependia dos meus pais, para me levar e me buscar. Hoje sou formada pela força deles também. Além disso, quando eu chego ao Terminal de Transporte Urbano, vejo que as pessoas não são capacitadas para saber lhe dar, com os cadeirantes. Alguns até tentam ajudar, mas, não sabem como agir. Domingo passado, por exemplo, quis sair para passear no Bosque Guarani, e não consegui ir, porque não tinha ônibus adaptado”, disse.
Nayara ainda diz, que o seu maior desejo seria poder pegar um ônibus em boas condições, no ponto próximo onde mora. “Não é justo eu passar por isso. Tenho uma parada de ônibus perto da minha casa, e tenho direito de pegar o coletivo neste ponto, com acesso que eu preciso”, reforçou. A jovem ainda relatou que, só nessa semana, essa é a terceira vez que ela não conseguiu pegar o transporte. Para a mãe de Nayara, Dona Rosimare, o mais difícil é ver a filha limitada naquilo que deseja fazer sozinha. “Ela esta condenada a ficar em casa, porque se não for de carro, não há como sair com a cadeira de ônibus. Alguém tem que tomar atitude. Acho que a situação é um desrespeito com a população da cidade, e a administração pública precisa fazer algo”, falou a mãe.
Foztrans
Conforme explicou o superintendente do Foztrans, Paulo Tremarin, a situação relatada pela jovem, será levantada pelo órgão. Ele disse que, atualmente Foz do Iguaçu conta com 156 ônibus estão em circulação na cidade, e que 90% da frota é adaptada para acesso aos cadeirantes. “O que pode estar acontecendo é que, os ônibus adaptados estão escalados para outras linhas e regiões, e consequentemente não estejam passando no ponto em questão. Somos sensíveis a problemas como esses, e já estamos levantando as necessidades para que isso seja corrigido o quanto antes”, disse Tremarin.