Por Keyla Cristina
Após cerca de quinze horas de júri popular, Roberson Alves foi condenado a 23 anos de prisão em regime fechado pela morte da esposa, Lourdes Veiga de Oliveira Alves, por crime de homicídio duplamente qualificado.
Na sentença, proferida pela juíza Dra. Danusa Zorzi Andrade, a pena foi considerada de culpabilidade elevada, uma vez que o acusado tinha deixado o porta-malas previamente aberto a fim de facilitar sua saída, além de ter colocado uma almofada para que não se machucasse durante o delito planejado. O júri considerou que o réu mostrou total frieza, extrema periculosidade e total desprezo pelos valores que são caros à vida em sociedade, como a família.
Em relação aos motivos do crime, houve entendimento que Roberson possuía o intuito de se apoderar do patrimônio pertencente à esposa, simulando um assalto para assim assassiná-la. Também pesou contra o réu ter assumido o risco de envolver um menor na prática criminosa.
Por não ter antecedentes criminais e não ter se furtado de apresentar à justiça todas as vezes que solicitado, Roberson Alves, após o final do julgamento, foi liberado e só começará a cumprir a sentença depois de esgotado os prazos de a defesa recorrer.
Para a família, a condenação vem como alento ao sofrimento destes seis anos de impunidade. “Gostaríamos que ele saísse daqui algemado, mas nós entendemos que é questão de justiça, de leis. Os 23 anos de condenação não amenizam a dor, porque nada traz de volta a nossa irmã, mas acalma um pouco essa revolta. A justiça foi feita e ele vai pagar pelo o que cometeu”, expressou o irmão Mauro Celso Veiga de Oliveira.
Segundo o promotor, Dr. Luiz Mafra, o depoimento do réu foi uma grande farsa do início ao fim, desmistificada durante o julgamento. “O povo de Foz do Iguaçu deu uma demonstração inequívoca de que aqui se vive sob o império da lei. Este julgamento representou o triunfo da verdade”, salientou o promotor.
Advogado de defesa, André Eduardo Queiroz, disse que ansiava pela absolvição, mas que respeita a decisão do conselho de sentença. Para ele, o que mais pesou contra Roberson Alves foi à dificuldade que ele tem de se expressar. “É da natureza do ser humano entrar em momentos de contradição em momentos de tensão. Mas esta foi só mais uma etapa. Nós vamos recorrer”, fechou.
Caso Lourdes – O crime aconteceu em 12 de abril de 2007. Lourdes e o esposo, Roberson Alves, saíram de casa e teriam sido rendidos por um adolescente e um homem armado. Segundo informações, eles teriam colocado ele dentro do porta-malas e atirado na cabeça de Lourdes após ter exigido dinheiro. Na época, a Guarda Municipal encontrou o carro no Beverly Falls Park, com ela agonizando. Roberson estava do lado de fora do veículo, mas não teria procurado socorro para a esposa. Lourdes foi levada ao Hospital Municipal, mas não resistiu aos ferimentos. Apesar de Roberson ter alegado latrocínio e negado participação, durante acareação, os dois envolvidos diretos no crime o apontaram como mandante e mentor do assalto.