Com o objetivo de discutir a possibilidade de ataque militar à Síria, que vem sendo orquestrado, em especial, pelos Estados Unidos, a UNILA organiza um debate nesta quinta-feira (12), às 18h30, na UNILA Centro. O debate contará com a presença dos vereadores de Foz do Iguaçu, Nilton Bobato e Anice Nagib Gazzaoui, do professor senior de Economia da UNILA, Nilson Araújo de Souza, e de Adnan El Sayed, da União Jovem Árabe Brasileira. A mediação da mesa ficará por conta do professor do curso de Economia, Luciano Wexell Severo, que já esteve na região. Além de Severo, o evento é organizado em parceria com a jornalista Mariana Serafini, a acadêmica de Ciência Política e Sociologia da UNILA Besna Yacovenco e Ali Chams, membro da União Jovem Árabe Brasileira. O debate é aberto a toda comunidade e gratuito.
“Entendemos que seja fundamental realizar uma atividade deste tipo dentro da UNILA, mesmo em recesso, envolvendo o legislativo da cidade e membros da comunidade árabe de Foz do Iguaçu. Mais uma vez, em nome da paz, do amor, da liberdade e da democracia, um país está a ponto de ser atacado. Isso já aconteceu antes no Iraque, na Líbia, no Vietnã, na Iugoslávia… Centenas de toneladas de bombas, mísseis e foguetes com agentes biológicos e químicos são despejados sobre a população, mas por quê?”.
Segundo o professor, a Síria tem uma importância grande à geopolítica norte-americana no Oriente Médio, com petróleo (mesmo que pouco), gás natural e é caminho para um novo mega-gasoduto que viria do Irã (e interessa aos alemães). Ele lembra que o governo do partido Baath Árabe Socialista tem assumido linha popular e anti-imperialista interessante.
“Em um sistema mundial competitivo, uma guerra na casa dos outros é bem vinda. Porque junto aos motivos de geopolítica, uma guerra permite aquecer a atividade econômica nos Estados Unidos. Lembremos que cada míssil Tomahawk, por exemplo, que contém elevada tecnologia e pode ser disparado de aviões ou de navios, vale mais de US$ 1,2 milhão. Atacam pontes, portos, estradas, viadutos, escolas, hospitais, fábricas, estações de água, rios, aeroportos, e depois, quando termina a agressão, chegam as empresas americanas para reconstruir o país”, disse.
Na visão do professor, os Estados Unidos estão isolados – na ONU, no G20 e na OTAN. Até o Papa está contra o ataque. “Os países da UNASUL, da ALBA e do Mercosul estão com uma posição muito clara, em defesa da soberania da Síria e em defesa da ONU. Para que existe a ONU se o poder mundial norte-americano atropela esta instituição sempre que decide?”, coloca.
América Latina
De acordo com o professor, a integração latino-americana é o caminho para a defesa das soberanias nacionais e a forma de enfrentar a histórica cobiça internacional. “É uma situação muito preocupante para a América Latina. Nosso continente possui mais de 20% da água doce do planeta e as riquezas da Amazônia. Nossos países controlam a maior parte da produção mundial de alimentos, têm elevadas reservas de petróleo, gás natural, minérios e biodiversidade. Entendo que a forma de enfrentar essa histórica cobiça internacional é exatamente a integração latino-americana. A América do Sul, por exemplo, possui condições muito favoráveis para a construção de um bloco regional forte. São imensas as potencialidades da região. Os países sul-americanos possuem uma cultura milenar. Não há grandes diferenças linguísticas e religiosas. Temos um PIB de US$ 4 trilhões e uma população de mais de 400 milhões. A integração é o caminho, a nossa porta de entrada na História”, finaliza.
Por, Unila