Durante a 72ª Caravana da Anistia que aconteceu em Curitiba no último dia 16, a Comissão Nacional da Anistia do Ministério da Justiça realizou, na sede da OAB, sessão de homenagens póstumas a 25 ex-presos políticos e seu familiares. Entre os homenageados, um iguaçuense de coração, Anibal Abbate Soley. Soley chegou em Foz do Iguaçu em 1959 como exilado político do país vizinho, devido à ditadura do general Alfredo Stroessner. Numa operação relâmpago, a repressão da ditadura civil-militar seqüestrou Soley em dezembro de 1974, em Foz do Iguaçu, juntamente com outros companheiros: Rodolfo Mongelos, Cesar Cabral e Alejandro Stumpfs. Os empresários paraguaios foram conduzidos até um sítio em Goiás, onde foram barbaramente torturados. A operação foi executada pelo Centro de Informações do Exército envolvendo cerca de 20 homens fortemente armados e veículos de modelos diferentes. Aníbal faleceu no último dia 18 de junho.
A homenagem consistiu em entrega de Certificado emitido pela OAB Paraná, Ministério da Justiça e Fórum Paranaense da Anistia, onde se lê: “Na ocasião da 72ª Caravana da Anistia do Ministério da Justiça da República Federativa do Brasil, a Seccional da OAB Paraná e o Fórum Paranaense Memória, Verdade e Justiça tem a honra de homenagear, in memorian, o senhor Anibal Abbate Soley, pelos relevantes serviços prestados ao País em sua atuação para o restabelecimento das liberdades democráticas e para a consolidação do direito à memória, verdade e justiça no Brasil. Assinam: Juliano Breda – OAB, Paulo Abraão – Ministério da Justiça e Zaki Akel Sobrinho – Reitor UFPR.
Na mesma ocasião também receberam homenagem, o ex-governador José Richa, pai de Beto Richa, atual governador do Paraná, o ex-prefeito de Curitiba Maurício Fruet, pai de Gustavo Fruet, atual prefeito de Curitiba, a jornalista e ambientalista Tereza Urban, que morreu em junho deste ano e foi perseguida durante o golpe militar, além de, José Lavéchia, Antonio dos Treis Reis de Oliveira, Régines Prochmann, Joaquim Pires Cerveira e Otto Bracarense, entre outros. Dentre os mais emocionados com a cerimônia, os filhos dos homenageados. “As pessoas que estão aqui e outras que não estão mais entre nós deixam lembranças difíceis de esquecer e que nem devem ser esquecidas.
O País tem uma história que tem que ser sempre preservada, pois sempre temos a aprender com ela”, disse o secretário de Infraestrutura e Logística do Paraná,José Richa Filho. “O mês de agosto é muito marcante para nossa família: é o mês de aniversário do meu pai, do dia dos pais e o mês do falecimento dele também”, declarou a secretária de Finanças de Curitiba, Eleonora Fruet. “Essa memória nos ajuda a lidar com os desafios diários da vida e mostra a história de pessoas que, em momentos adversos, foram fortes e corajosas. É para a gente ficar atento e não repetir os mesmos erros”, completou. “Contei os dias por este reconhecimento pela luta do meu pai. Um resgate da verdade do meu Brasil que reconhece as atrocidades cometidas com aqueles que lutaram pela liberdade e democracia. Viver este momento, é ter certeza que as atuais manifestaçõs das ruas são possíveis graças a essas pessoas, disse Letizia Abbate Fiala.
O Secretário Nacional de Justiça e Presidente da Comissão Nacional de Anistia, Paulo Abraão declarou que as Caravanas da Anistia criaram um novo ambiente de superação da cultura do medo, de se discutir o passado e permitiram que os testemunhos das vítimas pudessem gerar uma onda de repúdio aos crimes que lesaram a humanidade no País”.
Assessoria